Para quem já conhece as aventuras deste viajante que vos fala, sabe que sou um eterno apaixonado pela Rússia e Ucrânia…
… mas afinal, quem não é?
Com todo esse amor para dar, resolvi me aventurar desta vez em uma cidade pouco conhecida nos roteiros turísticos dos brasileiros (e gringos em geral): Odessa.
Neste guia completo sobre a melhor cidade do litoral ucraniano, você vai encontrar:
- Quais cidades da Ucrânia visitar
- A verdade sobre a “Floripa ucraniana”
- Meus apuros viajando de trem de Budapeste até Odessa
- Onde se hospedar na cidade
- Os melhores restaurantes de Odessa
- Baladas e vida noturna em Odessa
- Como são as ucranianas que vivem no litoral
Enfim. Vamos ao que interessa.
As melhores cidades da Ucrânia para visitar
Querendo me preparar para morar em Moscow durante a Copa de 2018, resolvi tomar uma decisão importante na minha vida: aprender o idioma russo.
Como o visto de turismo só me permitiria ficar 3 meses na Rússia, tive a seguinte ideia: vou passar 3 meses na Ucrânia aprendendo russo, e depois fico mais 3 meses na Rússia… interagindo com as russas.
Se você não sabe, a Rússia e a Ucrânia não possuem uma amizade muito, digamos… amistosa. O país é bastante dividido politicamente, e são poucas cidades que de fato falam o idioma russo originalmente.
Para que você entenda um pouco a diferença do idioma, o russo e o ucraniano são bastante próximos, bem mais que espanhol e português.
Ou seja, eles se entendem sem problemas. Porém, para um leigo, fica meio complicado aprender os dois de uma vez.
A Ucrânia possui hoje – depois da guerra – três cidades boas para se morar:
- Kiev (2.8M de habitantes)
- Lviv (723k habitantes)
- Odessa (1M habitantes)
- Bônus para os aventureiros: Kharkiv (1.4M) e Dnipro (980k)
Tanto Kiev, a capital da Ucrânia (já coberta amplamente aqui no blog), quanto Lviv, a cidade cultural (e das lindas estudantes), levam o ucraniano como língua oficial.
Já Odessa, assim como a Crimea (agora anexada à Rússia e não mais pertencente à Ucrânia), fala russo.
Se você for como minha mãe e acredita em tudo que assiste no Jornal Nacional, já antecipo: não há guerra alguma em Odessa, muito menos violência. Hoje, isso é coisa do passado.
Falando em separação, o povo de Odessa é um pouco mais mente aberta em relação ao tema.
Eles não julgam os russos nem os ucranianos, são meio em cima do muro, eles gostam de serem ucranianos, mas também possuem vários familiares russos.
Já o pessoal de Kiev e Lviv luta veementemente contra as imposições russas, o que é compreensível.
O que falam de Odessa por aí
Chamada por mim de “A Floripa da Ucrânia”, Odessa é uma cidade de bastante contradição na argumentação das pessoas que já passaram por lá.
Você ouve dois tipos de comentários:
- Negativo: “cidade de mafiosos, muita pobreza, cheio de gente querendo te passar a perna, mulheres extremamente interesseiras (gold-diggers) e lotada de turistas turcos chatos”
- Positivo: “preços fantásticos, baladas tops, muita mulher gata, vários restaurantes de qualidade, e um belo mar na sua frente todos os dias”.
Acho que de 6 amigos que perguntei antes de viajar, 3 falaram bem e 3 falaram mal. Ou seja, é amar ou odiar.
E, como tudo na vida, você só descobre de uma forma: arriscando.
Antes de entrar no guia, algumas curiosidades que descobri morando lá:
- Ninguém respeita filas na Ucrânia. Se abriu espaço, alguém vai entrar na sua frente. E não tem briga. O motivo? Historicamente eles sofreram muito com filas durante o comunismo, para poder pegar comida todos os dias, e hoje não fazem mais fila pra nada.
- O país é extremamente corrupto, como o Brasil há 10 anos. Se você atropelar alguém na rua, não será preso, é só dar uma propina pro guarda. E a propina está em absolutamente tudo.
- Quer se formar em medicina? Precisa pagar propina pros professores. De acordo com uma gatinha que conheci, ela chegava a pagar 300 dólares para passar em uma prova. E não porque ela queria, porque obrigavam ela a pagar. Também parecido com o Brasil, ser médico lá é coisa de rico.
- Ninguém usa cinto de segurança. Chega até ser engraçado. Quando você coloca, o motorista te olha com uma cara de “Esse cara acha que vou matar ele?”.
- As pessoas bebem e dirigem. Usam celular no volante. Estacionam em absolutamente qualquer lugar. Não há multas de trânsito em Odessa, é só dar a propininha pro guarda se ele te pegar (= 10 reais).
- Alguns Ubers são táxis. Com carros de 1960. E ainda fumam no volante. Não sei como eles conseguem a licença do Uber, mas é realmente ruim. Por sorte, 90% dos outros Ubers são ótimos, e você dificilmente vai gastar mais de 4 euros em uma corrida de quase meia hora. Se quiser se aventurar, o ônibus custa R$ 0,50!
- Furtos a apartamentos podem acontecer sim, como qualquer país. Então é bom trancar a porta. Já assaltos praticamente não existem. Mão armada, muito menos. Brigas? Nunca vi uma. Odessa é no mínimo 2x mais segura que qualquer cidade brasileira.
- O inglês é bem menos falado que em Kiev. Na verdade, muitos restaurantes não possuem nem cardápio em língua de gente. É cirílico mesmo. Prepare seu app do Google Translate, e use a função de traduzir imagens ao vivo. Esse é o principal motivo para a cidade receber poucos turistas de estrangeiros.
- Odessa hoje é a maior colônia de férias das ucranianas no verão. Antigamente elas iam para a Crimea, mas agora precisam de passaporte russo para entrar, então elas vão pra Odessa.
- Compre um chip de celular no primeiro dia. Eles podem ser adquiridos nas lojas da Telekom. Com 10 reais, você ganha uns 2GB por mês, acesso ilimitado a redes sociais e comunicadores + chip incluso. Mostrar documento? Eles nem sabem o que é isso.
- O sistema de saúde é extremamente barato. Uma consulta de emergência no hospital custa 30 reais. Into Sana é o nome da melhor rede de hospitais. Seguro de saúde internacional? Pra quê?
- A imigração é muito tranquila. Se te fizerem muitas perguntas, é mais porque queriam bater papo do que por motivos de segurança.
- É a cidade com mais crianças que já vi na vida. Aparentemente porque depois do comunismo, eles reduziram muito a população, e o governo criou incentivos pras pessoas fazerem o que o povo mais gosta: muito amor.
Mudando de Budapeste para Odessa
Depois de viver quase um ano em Budapeste (ah… saudades das mulheres húngaras), finalmente decidi que Odessa seria meu próximo roteiro.
Eu tinha 3 opções para chegar lá: voando muito (quase 22 horas de viagem total, com no mínimo 2 conexões), de trem (~20 horas – com ou sem aventura) ou de Bla Bla Car (por volta de 15 horas, possivelmente guiado pelo deus ucraniano e um motorista bêbado que não dorme).
Como sempre gostei mais de viagens de trem (e de aventuras), não pensei duas vezes.
Para comprar passagem direto de Budapeste para Odessa, não existe uma empresa de trem internacional.
Poderia até bookar através de (supostas) agências de viagens internacionais, que custariam no total 80 euros e elas se encarregariam de fazer a aquisição das passagens nas empresas de trem Húngara e Ucraniana, ou fazer na mão, seguindo um roteiro que encontrei neste blog.
“Com aventura, por favor!”. Optei por fazer sozinho.
De forma resumida, a logística foi a seguinte:
- Trem saindo de Budapeste às 13h23 para Záhony, que é a última cidade da Hungria, divisa com a Ucrânia por 20 euros (tickets aqui).
- Atravessando a fronteira HUN-UKR em outro trem de 4 euros que você pega na própria estação de Záhony com destino a Chop, leva 15 minutos
- Trem de Chop para Lviv por 12 euros, em cabine VIP (só você) saindo às 02h27 (o upgrade pra vip custava 5 euros a mais apenas – tickets aqui)
- Passagem de Lviv para Odessa por mais uns 15 euros, seguindo no mesmo trem
… tudo parecia estar bem preparado.
Até que:
Meu trem chega em Lviv. Pego minha mala e mudo para a outra cabine ao lado, que eu havia comprado até Odessa – no mesmo vagão.
Alguns minutos depois, o fiscal bate na porta da minha cabine. 2 da manhã, eu abro com aquela cara de sono, falo “E aí meu velho, tudo em paz?” apenas com os movimentos das mãos, obviamente, e mostro minha passagem pra ele.
O velho olha, olha, olha, analisa, olha, olha e finalmente vira as costas. Saindo lentamente da cabine.
Já colocando as mãos para fechar minha porta, para que eu volte a sonhar com as ucranianas, de repente, ele para.
Coça a cabeça.
E vira pra mim com uma cara de… fiscal de trem!
Na hora já pensei: “Deu merda!”.
Aquele jovem senhor de 80 anos, que deve ganhar seus 500 reais/mês para ferrar a vida de estrangeiros desavisados, olha no fundo dos meus olhos e fala: “BIG PROBLEM… BIG PROBLEM…”.
Meu amigo…
“Big problem”, saindo da boca de um ucraniano que não fala nem a língua local direito, coisa boa não é.
Respondi: “O que aconteceu meu jovem? Olha aí a passagem, tá tudo certo!” – novamente na língua de sinais. E o velho ficava repetindo: “BIG PROBLEM! BIG PROBLEM.”.
Foi então que ele pegou minha passagem, e começou a apontar a data dela.
Eu não entendi nada o que o velho fazia. Seria aniversário dele e eu precisaria cantar parabéns em ucraniano? Ou hoje era jogo do time de futebol dele da sétima divisão do campeonato? Ou então seria o dia exato em que todos brasileiros perdem a virgindade traseira na Ucrânia dentro de um trem?
Notando que eu não estava entendendo nada, o velho sacou o celular do bolso, e me mostrou um calendário. Ele estava querendo apontar a data. E comparava a data do celular, com a data da passagem.
E foi aí que me liguei…
Para conseguir a cabine VIP de Chop para Lviv, e de Lviv para Odessa, eu comprei 2 passagens separadas (por causa da disponibilidade os assentos em cada trajeto). O que eu esqueci de calcular, foi que o primeiro trem chegava no dia seguinte, ou seja, depois da meia noite. E advinha? Eu comprei todas as passagens pro mesmo dia!
Na hora que percebi a merda que tinha feito, já encarnei o papel que aprendi com meus governantes: NÃO SEI DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO. ISSO É PERSEGUIÇÃO POLÍTICA. DAQUI SÓ SAIO ALGEMADO!
Acompanhando por todas linguagens corporais que uma gazela tem que fazer quando está cercada por 15 leões prontos para tirarem a dignidade dela.
Lutei bravamente pela minha vida, para não ter que passar a noite dormindo no chão da ferroviária fechada. E não adiantou nada.
O velho percebendo que eu não ia desistir, pegou minha mala e começou a tirar ela pra fora do trem, à força.
Foi quando lembrei que um dos amigos lá atrás havia me dito que a Ucrânia é hoje um dos países mais corruptos do mundo.
Corrupto? Ah, eu sou brasileiro. A resposta tá no sangue.
“MONEY!” – soltei em alto e bom som.
De repente, o velho para. Olha para baixo. Abaixa lentamente o braço que estava segurando minha mala até as rodinhas tocarem no chão. Vira com toda a tranquilidade do mundo 360 graus no sentido horário até que seus olhos cruzem os meus…
… e diz baixinho: “money?”.
E aí você pode adivinhar.
Tive que dar 30 euros pro camarada, e finalmente consegui seguir minha jornada, até Odessa.
Resumindo, fui querer dar um upgrade comprando a passagem VIP e acabei viajando por 12 horas no quartinho pouco perfumado do fiscal do trem.
C'est la vie.
Onde se hospedar em Odessa
Seguindo minha pesquisa inicial, eu já sabia que Odessa era dividida em duas basicamente. Centro e Arkadia.
Para que você entenda melhor, Arkadia é como se fosse Jurerê Internacional em Floripa.
Tem um calçadão com vários restaurantes, bares e lojas. Praia logo à frente. 4 Beach Clubs. Prédios residenciais modernos. E fica 7km do centro.
Dá pra ir de bike, por um trajeto bem bacana em frente ao mar, ou de Uber por 2 euros em 15 min.
Arkadia fica praticamente vazia/fechada entre Outubro-Maio. Começa a pegar mesmo em junho até setembro, por causa do clima. Dizem fazer um frio do cão com muito vento lá no inverno.
Cheguei a mencionar que Odessa é a cidade com maior quantidade de crianças que já vi na vida? Então se prepare para encontrar parques de diversão em todos lugares, inclusive em Arkadia (e dentro dos beach clubs à tarde).
Quando você pede pro Uber te levar à Arkadia, ele te deixa na entrada dessa calçada, e de lá você vai pra todos lugares a pé. É uma região pequena, de modo geral.
Já no centro, tudo acontece ao redor da rua Derybaviska.
Na verdade, sempre que eu queria ir pro centro, falava pro Uber me deixar no “Afina”, que é um mini shopping lá da região. E de lá você tem acesso a tudo que o centro de Odessa tem a oferecer.
Assim como tive dúvidas onde morar em Floripa (Centro X Jurerê), também tive o mesmo problema com Arkadia. A solução foi testar os dois.
Passei um mês no centro, enquanto não chegava o verão, e dois meses em Arkadia quando a área ficou mais movimentada.
E lá acabei conhecendo tudo…
Mas meu primeiro apê foi um dos 16 “Pearls” da rede Kadorr, uma construtora de luxo da cidade. Custava 700 euros/mês, o que é um preço fantástico para aluguel sem contrato anual, e tinha toda a tranquilidade e segurança que eu queria. É um dos poucos prédios modernos do centro.
Tinha até um porteiro, que obviamente não falava inglês e adorava fazer perguntas do tipo “Quem é você? Onde você vai?” e eu sempre respondia com um joia.
Porteiros são raros em toda a Europa, e infelizmente tiram sua privacidade. Pense 2x antes de se hospedar em um prédio com porteiros.
O segundo foi um prédio um pouco mais caro (e velho), mas com uma incrível vista pro mar, apenas uma quadra da entrada de Arkadia. A vista foi estrategicamente pensada nas ucranianas que não falavam inglês, onde você precisa convencer os olhos e não os ouvidos.
Se me perguntam qual o melhor, assim como Floripa, é difícil responder.
Porém:
Acho que o centro compensa mais para quem ficar no curto prazo. Basicamente pela maior variedade de restaurantes, farmácias, bares e entretenimento em geral.
Já Arkadia compensa mais para quem quiser ficar no longo prazo, pois pode morar com tranquilidade em um apê de mais qualidade, sem aquele desespero de ter que conhecer toda a cidade em apenas 1 semana (o meu prédio do centro foi um dos poucos modernos que encontrei, o restante é bastante antigo no centro, o que cansa no longo prazo).
Em resumo, você pode pegar um airbnb mais antigo no centro, mas perto de tudo. Ou pode pegar um apê moderno em Arkadia, com menos opções de coisas para fazer.
PS: O Airbnb funciona muito bem na cidade. Mas cuidado com os scammers, como eu mencionei, a Ucrânia é um dos países mais corruptos do mundo, então melhor alugar apenas lugares com reviews legítimos.
Restaurantes em Odessa
Na minha opinião, Odessa possui um excelente custo x benefício para comida. Na verdade, o custo é tão baixo, que você nem se preocupa em olhar os valores no menu. Dificilmente vai pagar mais de 40 reais em um prato de alta qualidade (R$ 15 média de almoço).
No centro, tem um lugar novo chamado Amsterdam Hotel & Restaurante, ótimo para sentar nas mesas da calçada, comer um belo prato de cozinha internacional, seguido de uma(s) garrafa(s) de vinho, e ficar apreciando as magrinhas de cabelos lisos e compridos passarem.
Tem o Kompot, com uma ótima localização para ficar analisando o público passeando na Derybaviska.
Tem o Traveler's Coffee, excelente para passar o dia inteiro trabalhando no laptop, do café da manhã até o final da tarde, sem ter que se preocupar em sair pra comer.
Tem também o Steakhouse (adorado pelas gold diggers, por ser o “mais caro” da cidade), Olio Pizza, Grand Prix, Bernardazzi (um dos melhores italianos, mais fancy), City Garden (e todos outros na mesma pracinha são ótimos para ir com a gata).
Ah, e finalmente, o Tavernetta, que é fantástico pra levar uma gata domingo no almoço.
Eu tenho costume de comer saudável todos os dias, então sempre procuro um restaurante buffet/kilo.
Em Odessa encontrei dois excelentes no centro. Um fica em cima do Lviv Coffee, entrando por uma escada lateral (você vai ver logo de cara, pela quantidade de gatas que almoçam lá).
… e também outro kilo bom ali ao lado na área de alimentação do shopping Europa, ou “Європа” em cirílico.
Já em Arkadia, eu particularmente ia quase todos os dias no supermercado do Gagarin Plaza (shopping center) e comprava as comidas prontas que ele vendem lá.
Era realmente excelente a qualidade e variedade do super. Ou então ia no Shtrudel, pela comodidade de ficar embaixo do meu prédio.
O Ararat também tem uma vista fantástico do mar de Arkadia, fui lá almoçar com a virgem e adorei…
… opa, você ainda não sabe quem é a virgem? Calma que chego lá…
Ainda na região de Arkadia, você vai encontrar o The Roastery (clica pra ver as fotos das gatas).
Ele é do mesmo dono do Travellers Coffee, Reef e outros restaurantes de luxo na cidade, onde a galera fica fumando shisha (eles fumam isso quase tanto quanto em Belgrado).
Tem também o Pomodoro, na frente do Ibiza beach club (bom pra quem quer esquentar antes da balada), e um kilo de qualidade na frente do Bono Beach Club para as tardes.
O restante, você vai ter que arriscar sozinho e dar sorte de encontrar um menu em inglês (já que o garçon dificilmente vai falar).
Outro lugar de bastante nome é o P1 Prosecco Bar (fotos imperdíveis). Ele é mais indicado para drinks, mas as ostras são fantásticas e a vista mais ainda.
O P1 fica em cima do M1, um hotel bem novo e luxuoso, palco da Mercedes-Benz Fashion Days Odessa 2017 (tinha cada gata, meu amigo…).
Outros lugares com vista pro mar são Lanzheron, Santorini (ótimo para caminhar com a gata saindo de Arkadia), Ryba, Svicha e Reef (esses 3 últimos, mais afastados do círculo turístico e famoso pelos locais mais ricos).
Exemplo do público que vai no Reef:
Ah, se você precisar de barbeiro, tem 3 no centro que falam inglês e são tops: Tommy Gun, Mr. Solomon e Mane's Club.
A vida noturna de Odessa
É importante você saber que, como todas cidades do mundo, baladas abrem e fecham a toda hora, então é sempre bom se atualizar quando for pra cidade, para entender o que está rolando ou não.
Quer uma dica TOP de como fazer isso?
O instagram possui uma opção que mostra os stories de todo mundo que está em uma cidade específica. É só abrir o app, clicar em buscar, digitar Odessa e clicar em Places. Lá vai ter a opção dos Stories. Você fica passando por todos, e assim consegue descobrir onde todo mundo está. Já descobri várias baladas lotadas de mulheres com esse truque – é top!
… e esse segredo só os viajantes anônimos sabem!
Mas vamos ao guia:
Assim como muitos países da Europa, a vida noturna migra bastante de acordo com o clima. Fora do verão, tudo acontece no centro. No verão, Arkadia costuma atrair um público maior.
O meu roteiro noturno aos finais de semana era sempre o seguinte:
- Esquenta no Tikhiy Bar (fica no segundo andar do Cooper Burgers), tomando cerveja e batendo papo com umas mulheres extremamente interessantes (nada de golddiggers) – por volta das 21h
- Seguido de cocktails fantásticos (que demoram um século para ficarem prontos) no The Fitz, também palco de mulheres tops – umas 22h
- Terminando no Central Bar também lotado de gatas – por volta das 23h
* outra alternativa antes de ir pra balada, é passar no Morgan Club. Lá é bom pra esquentar e ver umas dançarinhas sensacionais em cima do balcão do bar.
Depois da 0h30-1h, it's time to party.
No centro, as opções são o True Man Club ou o Shkaff, ambos com mulheres alternativas, rock'n'roll e cerveja.
Mas se quiser ver o que Odessa realmente tem a oferecer, o nome é MINISTERIUM.
Com música eletrônica aos sábados (eu acho), a Ministerium é realmente SENSACIONAL. PS: Quando você estiver bêbado, não se assuste ao pensar que está no Cirque du Soleil.
Pena que a Ministerium fecha no verão, no meio de junho. Muita mulher gata, todas vestidas extremamente sensuais, muito bem maquiadas e cheirosas. Meuuuuuu amigoooooo, que noite foi aquela…
Ah, saiba que os homens também se vestem bem (de blazer/lenços de bolso) na noite em Odessa, e costumam dar bastante valor às mesas/camarotes, pois sabem que as mulheres adoram.
Não diga que não avisei.
Assim como no Brasil, eles tocam muita música regional. Em todas baladas. Esteja preparado também para ouvir bastante karaoke em todo lugar e não entender nada.
Saindo do centro, você vai encontrar a balada Park Residence, que acontece tanto em volta de uma piscina quanto no ambiente fechado (onde tocam karaokê). Muita mulher gata também, acredite.
Ah, o Park Residence também funciona como beach club de dia… e você não faz ideia do naipe das gatas que ficam lá de bikini…
Agora se você estiver em Arkadia, são 4 opções basicamente, por ordem de popularidade:
- Ibiza Beach Club
- Itaka Beach Club
- Bono Beach Club
- Western Beach Club
Eu particularmente só conheci a Ibiza e Itaka. As outras são mais para estudantes, e talvez um pouco mais alternativas.
O que esperar da Ibiza:
É disparado, a balada mais famosa de Odessa. Ela fica aberta 24 horas, serve café da manhã, almoço, jantar e amor, muito amor.
A balada em si é de alta qualidade, e você PRECISA ir pelo menos uma vez. Mas tem um porém…
… a concorrência nela é altíssima.
Lembra os turcos chatos que todos dizem infestar Odessa? Eles batem ponto na Ibiza.
Minha dica é: vá de camarote – e de preferência, os que ficam ao lado/atrás do palco (dá pra comprar pelo site). Você vai passar menos transtorno que ficar disputando com os caras na pista, confie em mim. O ingresso de entrada custa uns 20 reais, e o camarote sai uns 200/cabeça com muita Belvedere ou Hendricks.
Ah, se você estiver procurando outros lugares pra ir, segue este instagram (@rest_in_odessa_), os caras só postam fotos das melhores baladas de Odessa.
Por outro lado, se estiver cansado das mulheres gold diggers, que querendo ou não, é isso o que você mais vai encontrar na Ibiza e afins (eu sei, você também não se importa com esse detalhe), a True Man Boat é uma ótima opção.
Assim como a True Man Club (que fica no centro), a True Man Boat abre somente no verão, e fica na frente do mar (vista fantástica bêbado 6am abraçado numa gata).
A última vez que fui, tinha uma banda fazendo cover de Prodigy e outra tocando rock'n'roll. Não é muito minha praia, mas compensava bastante pra dar um intervalo nas mulheres declaradamente interesseiras que vão nas baladas mais chiques.
E por falar em mulheres…
Como são as mulheres ucranianas que habitam Odessa
AVISO: Mulheres, podem parar de ler aqui. Assim vão me poupar de ficar respondendo comentários chatos do tipo “seu machista fedido”. Ok, brincadeira, podem continuar!
HOMENS.
Chegou a parte que vocês mais esperavam…
… mas antes de iniciar, vou repetir um ponto que sempre menciono nos meus roteiros de viagem:
NÃO EXISTE QUALQUER PAÍS NO MUNDO QUE FAÇA MAIS SEXO QUE O BRASIL. Ponto.
Agora, sem comparações com algo praticamente impossível de encontrar igual – que é nosso país – vamos à realidade ucraniana:
Pegar mulher em Odessa não é fácil. Sim, Odessa é bem menos difícil que na Itália, na Hungria, na França. Mas não é fácil.
Assim como as mulheres colombianas, as ucranianas foram criadas para serem esposas.
Elas são bastante femininas (não confunda com feministas, que elas são o oposto – thank god). Estão sempre bem vestidas, de salto alto e muito bem cuidadas PARA O HOMEM.
Ou seja, elas INVESTEM nos maridos, e esperam e ter retorno disso. E todos sabemos que o ROI da mulher não é o mesmo que o nosso.
Esse comportamento feminino, obviamente incide em você ter que pagar todas as contas dela. Inclusive a do jantar, que ela vai te obrigar a ir.
Match no Tinder para um encontro no seu apartamento? Esquece. Isso é raro por lá.
Toda mulher vai querer fazer um maldito date no restaurante. Elas PRECISAM comer para que você possa… comer. Mas isso não quer dizer que a comida mútua aconteça no mesmo dia.
O ponto positivo: elas são bem abertas e receptivas. Se você demonstrar boas intenções, elas vão dar retorno no seu investimento.
Mas veja bem:
Não estou dizendo que você precisa agir como uma moça, pelo contrário, eu acho que ser um homem de verdade é essencial para se destacar dos ucranianos.
Os ucranianos, como os russos, de modo geral são chucros e dão pouco valor ao filet mignon que tem em casa. Tentar beijar uma ucraniana na balada é deixar a nega confusa por uma semana com “WTF WAS THAT?”.
(Nada de agressividade, amigo viajante, estamos na Europa, não em Salvador).
Porém…
Eu tenho duas histórias que refletem outra realidade, e que precisam ser compartilhadas.
A da virgem, e a da mímica.
Por qual vocês querem que eu comece?
A virgem né? Eu sei então vou começar pela mímica.
Minha primeira bandeirada sem qualquer diálogo
Em Odessa, assim como toda a Ucrânia de modo geral, existem vários aplicativos de namoro (já mencionei que todas mulheres querem casar?).
O Tinder é mais famoso entre as gatas que sabem falar inglês e adoram gringos (principalmente as gold diggers, é claro). Já o Mamba e Badoo, que são muito maiores, são usados pelas locais que buscam ucranianos e ainda não descobriram o poder do passaporte.
Macaco velho que sou, uso todos ao mesmo tempo.
Antes de viajar, já aprendi a ler o cirílico para pelo menos entender o nome delas nos apps.
Usei este app gratuito pra iPhone muito bom. Eles dizem demorar 3 horas pra aprender, mas eu demorei 20. Mesmo assim, tá bom né?
Nessas minhas mil investidas digitais, dei um match em uma gata no Mamba que me chamou atenção.
Conversamos em cirílico (usando google translate) e ela não falava uma palavra em inglês. Mas mesmo assim, não saia do meu pé. Mandava mensagem no Viber todo santo dia (ah, esqueci de falar, lá elas usam Viber, não WhatsApp).
Comecei achar estranho, uma gatinha assim me mandando TANTA mensagem.
Foi então que resolvi marcar um encontro com ela logo pra descobrir. Como de bobo só tenho a cara e o jeito de andar, marquei em um lugar bastante movimentado, em frente ao McDonald's da Derybasivksa street, quinta-feira 20h – quero ver me sequestrarem lá!
O problema começou quando ela mandou mensagem dizendo que iria atrasar meia hora. Eu aproveitei esse tempo, para investigar a vida dela.
E qual a melhor forma de fazer isso? Buscando a foto do perfil no Google Imagens.
E adivinha só? A foto era fake.
Eu já estava lá tomando um drink, sem nada pra fazer em plena quinta-feira vendo aquele monte de gatas passeando do meu lado, resolvi tocar o foda-se e fingir que não sabia.
Uma meia hora depois, esperando ansioso pela mulher do Mamba que não fala inglês e usa fotos fake, apareceu uma garota parecida com a atriz, e me mandou uma mensagem em russo.
E não é que a fake era gatinha?
Olhei pra todos os lados, pra ver se tinha algum sniper seguindo ela, ou um russo mafioso de terno com walk-talkie na mão, mas estava tudo limpo. Fui me apresentar!
Comecei minha seção de mímica. Eu contava piadas que achava engraçada, e ela acaba rindo porque eu estava rindo de mim mesmo. Ou seja, enquanto não trocávamos calor, resolvi trocar energias.
Caminhamos até o Parque Istambul (vá lá, cheio de gatas!), e sentamos em um banquinho. Mímica pra lá, Google Translate pra cá, a gata digita no meu celular perguntando se eu iria levar ela pra um restaurante pois ela estava com fome.
AH NÃO! RESTAURANTE DE NOVO NÃO!
Já puto em ter que ficar alimentando essas mortas de fome, eu falei que não ia, e tentei dar um beijo nela. Ela não deixou, mas também não disse não.
Ficou naquele vamo-vê-quem-sabe-jajá.
Eu já meio desanimado, levantei e chamei ela pra andar um pouco. No meio do caminho, tentei mais um approach, e ela refugou.
Já passadas quase 1h30 naquela encheção de saco, dei um abraço nela, falei 10 palavras confusas em português, tipo “Preciso ir, tenho uma consulta com meu otorrinolaringologista gago agora”, e dei um abraço de tchau.
A jovem, que se preparou toda pensando que ia jantar de graça naquela noite, saiu furiosa.
E eu fui pra balada ficar bêbado dando gorjeta pro barman trazer a mulherada…
No dia seguinte, estou sentado no meu sofá curtindo a ressaca, quando a Расхитительница гробниц (Tomb Raider em russo) manda a mensagem: “quero te ver de novo.”
Sem paciência, respondi curto e grosso: Ok, meu endereço é X.
Ela respondeu: Ok, chego em 30 minutos.
Meu amigo… sabe aquelas coisas que você não espera, mas acontecem?
Ela chegou na minha casa, sentou no sofá, virou de costas pra mim, e falou a primeira palavra em inglês de toda vida dela:
– “MASSAGE”
OPA! É pra já! Comecei a massagear o ombro dela.
Passados 37 segundos de massagem, ela pede pra eu parar.
Aí já pensei… Fodeu, vai falar que tá com fome….
Eis que a Lara Croft vira pra mim, olha nos meus olhos. E adivinha só, amigo viajante?
Ela começa a tirar a blusa e o soutien, sem falar nada…
… e virando em seguida de costas novamente pra eu continuar a massagem, agora sem roupa.
Aaaahhhhh, garooootoooooooooo! Tocou na área é gol.
E essa foi a breve história da primeira vez que consegui uma bandeira somente no jogo de corpo. As surdinhas que se preparem.
Moral da história: quem manda na sua vida é você. Se a garota te encher o saco, vai embora e pronto. Muitas vezes tem retorno, pois a maioria dos homens ficam lá babando fazendo o que elas querem.
Falando em retorno…
A história da virgem que não era fake
Mesmo esse post já tendo mais de 4000 palavras, eu não poderia deixar de contar essa história, pois sei que vocês também vibram juntos comigo.
Então vamos lá.
Já cansado de ir nas baladas, resolvi focar em trabalho, e usar o Tinder de vez em quando apenas, mas sem dar muita atenção.
Até que um dia, dei um match em uma garota que realmente era uma GRACINHA, daquelas que você pensa essa “é pra casar”. Além de falar inglês muito bem, ela realmente tinha respostas muito inteligentes, sabia me cativar. E tudo isso é raro de encontrar em Odessa.
Eu precisava conhecer aquela gatinha.
Seguindo meu ritual de online dating, marquei com ela na frente do meu Bat Local à prova de sequestradores russos: o McDonald's.
Sem um minuto de atraso, chega uma baixinha sem qualquer perfil de sensualidade ucraniana, mas com um sorriso enorme no rosto. Linda, linda, linda. Era ela…
Com uns 1.55 de altura no máximo, cabelos pretos, lisos e bem longos, toda empolgadinha. Fiquei encantado.
Com uma ótima química rolando, levei ela pra um restaurante que sempre quis conhecer, ao lado do City Garden. Extremamente romântico, mas a companhia era perfeita pra isso.
Papo vai, papo vem, ela me conta que nasceu na Armênia, e mudou pra Ucrânia com a família quando pequena. Hoje estudava literatura russa, mas já tinha se formado em música e dava aulas de violino.
Consegui convencer ela a tomar uma taça de vinho durante o jantar e a conversa foi longa (as ucranianas raramente bebem – ficar bêbadas então, é impossível).
Papo foi tão longo, que depois de explorar a fundo a origem dela, descobri que na Armênia, assim como no Líbano, as mulheres ficam virgens até o casamento.
E aí veio a revelação bombástica. Aquela princesinha de 23 anos era VIRGEM!
Meu amigo… sabe quando você fica perdido?
Na hora eu vi que era verdade, ela não parecia estar mentindo. E eu não sabia se aquilo era bom ou ruim.
Eu não sabia se tentava convencer ela a ir pra minha casa ou chamava ela pra ir brincar com os patos no parque.
VIRGEM? A última vez que havia saído com uma virgem eu ainda mandava SMS usando os números do teclado pra fazer as letrinhas (33-444-88-222-9-999-11).
Saindo do restaurante, com uma química imensa rolando, nos beijamos na calçada há poucas quadras dali.
Eu realmente estava maravilhado com a história e o jeitinho da garota, e usei a argumentação mais antiga do mundo para tentar levar ela pra casa.
“Não vamos deixar acabar esse momento, fica comigo, vem pra minha casa, prometo que não vamos fazer absolutamente nada que você não queira”.
Sabe o que era estranho?
Eu realmente estava sendo sincero.
E sabe o que foi mais estranho ainda?
Ela aceitou.
E aconteceu exatamente o que você está imaginando, meu caro Viajante…
Acredite:
Eu fiquei por uma semana refletindo mais do que você deve estar agora. E isso me fez concluir uma coisa…
… quantas experiências eu teria deixado passar nessa vida, se não tivesse, lá atrás, largado meu emprego pra viver viajando o mundo?
Minhas histórias de Odessa poderiam ir longe…
… mas vou finalizar por aqui este relato com a única palavra em russo que aprendi nos meus 3 meses vivendo em Odessa:
PokA. (tchau)
* gostou deste relato? então comente abaixo qual próxima cidade devo ir.